Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de 2015

Imagine - texto sobre política brasileira

Hartung estaria no olho do furacão? Por Gustavo Feu de Freitas O governador do Estado do Espírito Santo Paulo Hartung, do partido PMDB, deu claras demonstrações, ou se preferir, pistas, de que pode concorrer em 2018 à Presidência da República. Hartung é um forte representante do PMDB, posição reforçada pela visita do vice da República Michel Temer, em visita ‘surpresa’ ao ES, dias antes de ‘deixar cair’ nas mãos da imprensa, sua carta de desabafo, direcionada a presidente Dilma Rousself, do PT. No início de sua fala no Centro de Convenções de Vitória, ao participar do ES Competitivo – Fórum Vitória, Paulo Hartung fez questão de retificar todo o documento produzido pelos participantes do encontro, com propostas de o que o ES precisa e pode fazer para desenvolver-se frente a crise econômica e política. Criticou a presidenta, dizendo que ela sim, deveria ter uma agenda econômica e política, e frisou que o Estado chega ao fim doa no com todas as suas contas em dia. Sobre a crise ética

Infância

O livro da besta-fera I – O mundo é um bairro (ou General Lee) - Olha o passarinho! Pronto era ouvir essa frase e remeter meus olhos pra árvore. Desde meu nascimento minhas principais lembranças foram com essa frase dita pela minha mãe, até por que dos três, tive e tenho o maior número de fotos, recordações da minha infância. O olhar atento das vizinhas, que revezavam para tomarem conta de mim, quando não era eu que ia pra casa enorme delas, era recorrente também. Depois o cheiro de churrasco, os jogos do Flamengo, as batidas de carros na avenida, o grito de ‘pega ladrão!’,...não foram poucos, sem falar das viagens, pra Santa Tereza, no interior do Espírito Santo – onde nasci e de onde vos escrevo – para o Rio de janeiro: madrinha e padrinho, para Brasília: tios e prima, foi assim minha infância até os dez anos. Fim do primeiro ciclo, aquele em que não se deve fazer nada a não ser observar atento os detalhes do piso, azulejos, os pêlos do primeiro cão, a roupa da empregada, caminh

O Golpe do Partido Aliado

O partido PMDB, aliado do PT no governo, vem ao que parece, dando mostras de ter seu plano para ocupar a presidência do país, em plena execução. Talvez por perceber risco perpétuo de figurar em segundo plano ao lado do Partido dos Trabalhadores. O presidente da Câmara Eduardo Cunha, também do PMDB, é a alavanca dessa retirada a força do PT do palanque governamental. Como um jogo de xadrez, onde os planos são estrategicamente executados, Cunha, após ser posto a prova com sua quebra de decoro parlamentar, após ter dito que não tem conta na Suíça, e sim participação em um trust, aceitou o pedido de impeachment da presidenta, e nesse aparente jogo de forças entre os dois, abriu caminho para que Michel Temer pleiteie a presidência. Uma pergunta que fica é se essa movimentação considerada exclusa não foi uma jogada para provocar em Dilma uma crise moral, em um momento em que seu próprio modo de operar está sendo a prova. Uma orquestrada criminalização o governo Lula, em idos de 2008, poder

Pé de sonho

Sob o Sol, pedalando, andando, ouvindo um bom som, pedalando pensando. Quando o dia favorece a pele a transpirar, e a deixar fluir seus líquidos corporais, água que se vai. O que o corpo precisa além dessa quantidade de líquido é de passos, e de pensamentos, de Sol, de uma fina poeira, de olho pra apreciar as nuances do dia, dia efêmero. Por que não trans formar esse dia em uma calma escalada rumo a um monte imaginário, esse transposto rumo ao sonho.

Lições

Em meio a dúvidas, situações paradoxais, o velho e o novo, aqui vão algumas dicas ouvidas do Jeca Tatú: - Há males que vem para o bem. - Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura. - Mais vale um pássaro na mão, que dois voando. - Casa de ferreiro, espeto de pau. - Panela velha é que faz comida boa. - Olho grande não entra na China. - Não adianta colocar a carroça na frente dos bois. - Matar dois coelhos com uma cajadada só. - Casa de ferreiro, espeto de pau. - Rapadura é doce mas não é mole. - Laranja caída na beira da estrada, ou tá podre ou tá estragada. - Esmola muita, o cego desconfia. - Dor de barriga não dá uma vez só. - As abóboras se ajeitam com o andar da carruagem. - Não adianta chorar o leite derramado. - Macaco velho não põe a mão na cumbuca. - Macaco que pula quer dançar. No mais, o mundo dá voltas e seja o que Deus quiser.

Relacionamento

O que será um relacionamento? Um jogo, uma parceria, sedução, perspicácia, enfim, calmaria também, paciência, movimento, uma invencionice a dois. Um relacionamento funde duas pessoas, duas almas, dois contextos familiares, hábitos, somos iguais, mas também somos diferentes. Por ser traçado entre dois pontos de cores diferentes, pode ser de intensas surpresas, nada de areia movediça, mas uma terra que salvo conhecimentos técnicos devido a sua cor, textura e cheiro, pode surpreender. Quando psiquiatras e psicanalistas opinam sobre o relacionamento amoroso, eles fazem uso de um arcabouço de conhecimento, mas o que será dessa caixa de ferramentas frente a comportamentos tão novos suscitados na modernidade? Somos seres que vivemos em um mesmo tempo histórico, mas o que dizer daquelas dúvidas que devido a uma conversa ou a um escrito, perpetua em nossa mente e que com o passar do tempo mostra-se como uma sugestão coerente? Bem, cada um de nós é de conformação única, sem traumas a princípio,

O falso visitante

Sinônimo: economia predatória, exploração, imigração. _ Não precisa fazer nada, esses nativos são bem educados, eles farão tudo pra você. Não diga nada, apenas ‘aproveite’. Entre os imigrantes que aqui chegaram e chegam até hoje, desde os italianos e alemães, no fim do século dezenove, até os que partem do Rio de Janeiro hoje, em busca de emprego no Espírito Santo, olham esses campos de duas formas: uma como um campo de benfeitoria. Diferente da exploração, na benfeitoria você agrega sua mão-de-obra ao espaço local para que ali haja progresso, com a possibilidade de que seja de forma sustentável. Por exemplo, contrário, quando uma área é invadida por garimpeiros em busca de ouro, de forma violenta e desordenada, isso não é um ato de progresso consciente. A outra forma é quando se percebe essa terra, mesmo que ‘crua’, ou com a infra-estrutura já instalada como possibilidade de evolução pessoal, e assim, vai-se fazendo uso da educação local, para uma atividade predatória. No caso da i

SP ou Tons de Cinza

Primeiro Capítulo: Reconhecimento [Monroe, o assassino quis esconder a identidade da vítima. Por isso cortara todos os dedos e separados, jogara-os os no rio Tietẽ. A cabeça, libererara no marco Zero da cidade paulistana, a praça da Sé. O corpo fora jogado em uma calçada de um bairro da classe média, depois de subir por diversas ruas; escolhera um jardim da Rua Sergipe. Os membros foram carregados antes e deixados em meio a galhos de uma árvore caída, como algo que agarrara. Seria ele de Sergipe. Seu rosto estava escondido pelo ângulo que se colocara na calçada da câmera que levava à Rua Sergipe. Tinha um jeito inculto, andava sobre um chinelo estilo livre, de alças brancas, mas seus passos eram arrastados, em estilo 'dez pras duas'. _ Dez pras duas. (Pernanbuco gritou) Essa foi a frase misturada ao fumo de cigarro que subiu logo cedo, naquela terça inóspita, fria e molhada na cidade mais cinza do País. Isso dificultara o reconhecimento do algoz. ] Esquartejamento. Fazia f

Maestria

Quando eu vinha caminhando pelo condomínio encontrei um cachorro que não tinha coleira nem dono. Conduzia seu rabo com total maestria. Foi um alívio, pois cachorros com donos são muito limitados, a fora alguns que não respeitam donos. Também via as mulheres que limpam o corredor nas segundas e quintas, com maestria parecida com a do rabo do cachorro. Minhas plantas também tinham maestria. A poeira em sua dança também tinha uma maestria oculta em sua vagabunda volta. E de repente descubro que meus movimentos são movimentos maestros, com força de exatidão e com a pretensa tal maestria, que a cada vez que mudava algo de lugar, deixaria os objetos de forma cada vez mais perfeita até que passava por um ‘passo a frente’. Era a conclusão da atividade. Isso, maestria é um conjunto de passos dados até um ponto em que a criação deve estar pronta. E só quem se permite criar pode experimentar tal feito. Jamais largaria então essa idéia, mesmo que mais tarde ela possa se tornar moribunda, aliás,

Saco de Ração

Era tanto vidro transparente e quebrado, que mesmo assim agora eu jamais desistiria, ai, ai, ai, e acreditando ser uma espécie de faquir, ia atravessando rápido, leve e com cuidado ao mesmo tempo. Nossa, mas que diabo de tantas garrafas brancas, fora aparecer por aqui nesse estrupício de lugar? E ainda agora, nesse domingo pérfido, onde todos duvidavam de tudo esse homem careca e gozador teimava em abrir seu comércio bege, sim, era um único tom, da ração ao cimento, e pisando sobre uma espécie de pequeno siri, ainda tinha plano de subir naquele paralelepípedo liso e ao mesmo tempo, ouvir essa risada pérfida desse careca comerciante, que abria seu comércio ao domingo? Ela veio pediu a ração antes de eu comprar qualquer doce. Ele veio e do lado de fora pesou aquele pequeno saco de ração. Ouvi “esse animal ainda vai”, “dezessete”, “é ele está te custando caro”. E imaginando cada animal e qual dele cairia bem com aquele alimento, imaginei sinceramente um porco.

Metamorfose

Aquarela Um espaço nada convencional. Uma área digna de palácio com direito a áreas externas, um pé-direito respeitável e uma incrível circulação de ar. As pessoas estavam ali umas pras outras, mas ninguém falava, ou percebia, aparentemente, ninguém. E tinha então uma barraca de bambu chique, com alguns doces a serem vendidos por uma pessoa bem arrumada, e atrás de um vidro, em um jardim de inverno enorme, duas outras conversavam. Outros se arrumavam e se recolocavam, em uma renovação constante. Parecia que estava fazendo parte de livros como Admirável Mundo Novo, ou Metamorfose, a vida era um moto-contínuo.

Anciã

Olho ao lado e uma mulher mira do parapeito uma passagem de moradores desse condomínio. Sempre que ela aparece fica assim, com as mãos juntas apoiada no parapeito com acabamento em granito, e vestindo um leve vestido. Olha pra baixo e às vezes parece enxergar ao redor – mimetizada por sua aparência e idade. Do alto dos seus quase noventa anos, imagino, ela deve ter os conceitos abertos. O amor pra ela deve ter uma definição ampla. Casa também, família talvez. Como na beira de um precipício, ela deve olhar o mundo com olhos leves, como um carro que desce a ladeira ‘na banguela’, deve estar em contato com seu deus, deve fazer preces, ela deve mesmo acordar e dormir rindo, como quem já está no ‘bonus track’. Talvez não, certamente pra ela o mais importante é aquilo que ela é; não o que possui, carrega em seu alforje. Uma mulher que do alto dos quase 100 anos mira em seus bens materiais, tem uma relação frívola com a vida, não? Aí vamos descendo essa faixa etária e vemos que na verdade nã

Sonho (parte 1 e 2)

Sonho real. E um tigre pequeno apareceu de novo. Peguei-o, com o devido cuidado, segurando sua pata e ele arisco, quis fugir das minhas garras. Busquei um espaço natural, fazendo jus a sua natureza e soltei-o, e ele não mais que de repente saiu em retirada, pulando no parapeito de madeira rústica marrom escura, e se lançando num vazio de oito metros, sendo quase amortecido por um galho daquela palmeira e depois, amaciando-se na grama. Pareceu-me uma cena idílica, mas foi ela que me ateve durante aquele breve contato com aquela localidade, um espaço de férias, mas com alguns problemas estruturais. As ruas estavam enlameadas, os lugares -terrenos murados- tinham mato alto, e a sinalização de ruas não existia. No meio de tantos casais, quartos e lama, toda a história começou com um grupo de moleques querendo roubar um caminhão pequeno, vermelho. Rápido fui a avisar ao velhote o anseio daquele grupelho e depois de desviar de uma pedra mal tacada, lá foi ele evitar que o moleque de seus qu

Agora, vai.

Agora vai A vida, o sonho, o hábito, o rio-tempo, o fundo-real. A sorte. Ela é esse eterno, pra não dizer o constante ‘agora vai’. É um eterno sonhar, onde quer que se enxergue o tempo desse sonho. Dele vem a imagem-lembrança de um amigo que se distanciou, da sua família, de possíveis conflitos. Ou de uma lembrança recente, de algo que nos chamou a atenção na tela de led, imagens oníricas de um futuro desejado talvez. Ou ele é isso mesmo, a mistura dos dois, o que somos e o que gostaríamos de viver, nos desprender do passado e ver nosso barco saindo lentamente do cais, mas constante. Ela traz essa sensação de repetição, assim como as noites, os dias, as refeições, as idas ao banheiro, a padaria, a banca de jornal, ao cigarro, ao remendo do furo do pneu da bicicleta. Se existe uma grande vantagem em ‘levar a vida’ a dois, é a de perceber calmamente, no geral, a passagem dos dias. Tudo se torna um hábito. Fico a observar discretamente os mais velhos e vejo neles essa sabedoria de deix

Eu vou atrás do onírico.

Eu vou atrás do onírico, por hoje. A abelha que gerava ouro. E mais que agora ela aparecia de novo e saída de minha perna fez eu a imaginar que era uma mosca esperta. Mas ela veio dizer que eu estava doce, doce como mel. Assistida pelo programa do SUSA (Sistema Único da Saúde das Abelhas), essa esperta veio e me disse o seguinte: -Você está com sorte hoje. Depois disso, ela pegou o ônibus que tem a linha ‘colada’ e literalmente sumiu!