Eram três horas da tarde.
Estava em um botequim, assim chamado por que lá havia um simples balcão, imprescindível para os tomadores de doses. Mas já tivera um outro balcão de uma pequena autopeças, e mesmo assim, com aquele trombolho de concreto dividindo o espaço, já era um botequim. Pequeno e com mesas vermelhas, estava quente ainda mais, era um pouco sujo, o chão gasto, assim como os pés das cadeiras, como o banheiro, sem descarga e com trincos mal resolvidos.
Estava sentado em uma cadeira pequena, próximo a uma pequena mesa, com uma amiga frente a frente a ela, conversando e bebendo, quando o telefone tocou. Encarei a rua e com o telefone em punho recebia notícia, seu pai partiu, pra não dizer morreu.
Quem me deu a notícia foi sua ex-mulher, também conhecida como minha mãe. Há mais de trinta anos quando eles se separaram, tive a impressão de que perdi duas palavras, família e pais. Na verdade três.
Os limites entre estética e saúde. Estética e saúde estão certamente há tempo, em uma mesma direção, mas hoje concorrem em sentido O que é visto pode ser cada vez mais alterado, contudo, com uma frequência cada vez maior, o que compromete o interior do corpo humano. Essas são constatações limites, mas que geram o comprometimento da vida, a partir mesmo de pequenas insatisfações, e sequentes correções. Com mais de 30 anos de plásticas no corpo, sobretudo no rosto, enxertos, aplicação de substâncias que alteram a forma do corpo e a utilização de 'peças’ que modificam o funcionamento dos órgãos, a própria cultura de mulheres mais que de homens já se modificou a tal ponto que alteraram também a forma como os adultos abordam esteticamente a criança. Basta observar a publicidade, os brinquedos, a orientação dos desejos. Na busca por autonomia de vida, domínio da forma e, do crescimento social acelerado, sobretudo artistas, espelham iniciativas que artificialismo as mulheres - como máxim...
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