Era uma coisa quase assustadora, se não fosse comum aquele lugar para mim.
Aquele trecho da avenida central da cidade era a minha relação mais rápida com ela. Bas tava acordar e ao ir à padaria já estava nela; atravessando suas duas vias e vivendo por alguns segundos a eminência de ser atropelado e ir para o outro mundo. Sim, o mais moderno naquela época eram os carros.
Mas dessa vez estava em meio a uma passeata, não era uma festa. Das três faixas que levavam para o centro, duas eram uma espécie de carnaval.
Inventei então de vender cerveja, no meio do ‘percurso de Borges’ e ouvi ‘onde está o dinheiro’, de um conviva ao qual pensava em uma parceria. Como um nocaute, a frase atravessou-me e andei pela passeata e me vi subindo na carona de uma camionete junto com um outro, e fomos de carona andar pro onde não sei.
Proseei um pouco, olhei pra quem dirigia e ao sentir que a camionete fazia um barulho a mais, fiz um sinal, vi um grupo de larápios ao lado, mas desci assim mesmo. Pedi pra tomar uma ‘gela’, e o cara que desceu falou que tinha um dinheiro – era de outro país.
Fomos até o bar que era perto e logo sentamos em umas caixas de cervejas. Logo o dono do bar passou a desferir appers no peito e no rosto e assim mudando de lugar a confusão continuou. Estarrecido vi o dono do bar, dar um soco em um carro de churrasco e quebrar um pedaço de vidro e logo entrar em estado enervado.
Tudo era agressivo, tudo dinheiro, apenas um gesto de gentileza me salvou do caos, que meus olhos bebiam com a sede de um glutão.
Foi um carnaval, um deixar ir, uma vida solta, um amigo de carona, um não se importar tanto com os lados esquisitos, e um prazer em estar em casa, já que aquele espaço feito de concreto pré-moldado, não era a minha casa, era a rua.
Os limites entre estética e saúde. Estética e saúde estão certamente há tempo, em uma mesma direção, mas hoje concorrem em sentido O que é visto pode ser cada vez mais alterado, contudo, com uma frequência cada vez maior, o que compromete o interior do corpo humano. Essas são constatações limites, mas que geram o comprometimento da vida, a partir mesmo de pequenas insatisfações, e sequentes correções. Com mais de 30 anos de plásticas no corpo, sobretudo no rosto, enxertos, aplicação de substâncias que alteram a forma do corpo e a utilização de 'peças’ que modificam o funcionamento dos órgãos, a própria cultura de mulheres mais que de homens já se modificou a tal ponto que alteraram também a forma como os adultos abordam esteticamente a criança. Basta observar a publicidade, os brinquedos, a orientação dos desejos. Na busca por autonomia de vida, domínio da forma e, do crescimento social acelerado, sobretudo artistas, espelham iniciativas que artificialismo as mulheres - como máxim...
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