Pular para o conteúdo principal

Ex

Eram três horas da tarde. Estava em um botequim, assim chamado por que lá havia um simples balcão, imprescindível para os tomadores de doses. Mas já tivera um outro balcão de uma pequena autopeças, e mesmo assim, com aquele trombolho de concreto dividindo o espaço, já era um botequim. Pequeno e com mesas vermelhas, estava quente ainda mais, era um pouco sujo, o chão gasto, assim como os pés das cadeiras, como o banheiro, sem descarga e com trincos mal resolvidos. Estava sentado em uma cadeira pequena, próximo a uma pequena mesa, com uma amiga frente a frente a ela, conversando e bebendo, quando o telefone tocou. Encarei a rua e com o telefone em punho recebia notícia, seu pai partiu, pra não dizer morreu. Quem me deu a notícia foi sua ex-mulher, também conhecida como minha mãe. Há mais de trinta anos quando eles se separaram, tive a impressão de que perdi duas palavras, família e pais. Na verdade três.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Kafka

Toda vez que eu vejo uma barata vindo em minha direção, eu lembro de Gregor Sansa, aí eu levanto a cabeça e Dinho que não li “A Metamorfose”.

Suave

A vida, ah a vida. A vida leva você e ela é implacável. Ela faz você fazer coisas, mudar, e por mais que se apegue as 'paredes’ históricas, somos ‘levados’. Realizar os desejos, faz com que essa velocidade de mudança acelere. Se eu não sei conter meus ímpetos, vou pela água do rio sendo levado, por não saber, e não querer também - por que não? - me agarrar aos matos da margem. Como poderia ser importante conter os gastos, conter as vontades. Sozinho, eu flutuo, fico só, faço de mim meu próprio negócio, jogo, minha celebração só. Sem lembrar, sem pensar, apenas olhando para dentro. Medito em mim. Relembrar, refazer, se remodelar, lembro do projeto. Será ele possível? Será que vale a pena? Corpo, mente, alma, matéria. Divulgar ou reter? Reter. Depois divulgar.

Bárbara, e nem tão doce.

Nota de Repúdio: Repudio, como jornalista formado, a atitude da cantora Ivete Sangalo, viralizada por vídeo postado nas redes sociais, que 'peitou' uma mulher no show em que se apresentava, por conversar com seu marido, há menos de 50 metros. Uma cantora com público infantil não poderia abrir mão do seu caráter educativo, e cair na 'esparrela' da mulher 'machona'. Curiosamente seu ato veio à tona via rede social, hoje uma das fontes utilizadas pelo novo jornalismo. Assim, como nas delegacias de polícia, o jornalismo esquiva-se quase totalmente da prospecção da notícia, guardando-se ao direito de editar, separando logicamente e infelizmente, o que é mais polêmico. Todo jovem que pensa em fazer comunicação e adentrar para o universo jornalístico, deve saber disso: invariavelmente vai viver flertando com fatos violentos, policialescos, tão caros aos nossos sentidos. Mesmo sendo educados - na melhor das hipóteses - o acesso a violência, em qualquer âmbito, rouba-no