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Harley Davidson

Harley Davidson Em meio à tristeza, ele acordou. Acordou na esperança de aprender algo novo, aprender para ele queria dizer reter, segurar algo para si. Algo que pudesse modificar seu modo de viver, algo que o tirasse da tristeza. Levantou da cama, e abaixou a cabeça, quase entre os joelhos, fiou o cabelo com os dedos e prendeu-o com uma borracha. Isso para ele, era apreender, prender, literalmente. Mais poderia falar de prender algo intelectualmente. Uma experiência interior, neste mesmo mundo de meu Deus, brandou alegoricamente. Acreditava que havia em meio a um mesmo lugar em que vivia, nas mesmas coisas, objetos, alguma idéia que o desviasse dos mesmo trajetos, da tristeza. E então ele leu sobre as escolhas. Observou como um cão observa seu dono, se é que o cão possa ser possuído, observou e olhou - a si mesmo. Fitou os seus braços, como ele equilibrava-se sobre as pernas, articuladas pelos joelhos, e viu o quão possível é o desequilíbrio humano. Mas seus desejos o carregaram para algo sofisticado, pensava em um estilo de viver, um grupo de escolhas que o fizesse ser rotulado. E decidiu em meio a tanto concreto, máquinas, e em meio as palavras que ouvia da TV sem imagem, que seria um escritor. Por ora ou por muito tempo, seu caminho seriam as linhas, a brisa da estrada sua criatividade, as escolhas sua intuição. Admirando um possível estilo de vida, lembrou do guitarrista e escritor de romances policiais Toni Belotto, sendo levado na garupa dessa ideia até uma moto. Pronto, seu pensamento estava a bordo de uma Harley Davidson.

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