Havia uma pedra e havia o céu.
Eles continuam ali hoje. Meu avô se foi. Junto a fumaça dos cigarros e dos gravetos de bambu fiados com caco de vidro e que depois eram enfiados em madeira mole com uma espécie de miolo dentro. Ele fazia gaiolas.
Meu pai a época tinha um Opala 6 faróis e ali entre as plantas dá minha avó o gigante entrava.
Passava tardes jogando fumaça ao vento. Os ventos não eram os mesmos. Fazia natação e há tempos dispensara bóias. Aquelas de braço.
Cachaça, bigode, risos e voz forte.
Pernas agarrinchadas.
Aí que ele me vem em um domingo sorrateiro, ele o domingo.
Ele vem com duas bolas.
Eram cabaças.
Pra não me afogar no rio do tempo.
A vida, ah a vida. A vida leva você e ela é implacável. Ela faz você fazer coisas, mudar, e por mais que se apegue as 'paredes’ históricas, somos ‘levados’. Realizar os desejos, faz com que essa velocidade de mudança acelere. Se eu não sei conter meus ímpetos, vou pela água do rio sendo levado, por não saber, e não querer também - por que não? - me agarrar aos matos da margem. Como poderia ser importante conter os gastos, conter as vontades. Sozinho, eu flutuo, fico só, faço de mim meu próprio negócio, jogo, minha celebração só. Sem lembrar, sem pensar, apenas olhando para dentro. Medito em mim. Relembrar, refazer, se remodelar, lembro do projeto. Será ele possível? Será que vale a pena? Corpo, mente, alma, matéria. Divulgar ou reter? Reter. Depois divulgar.
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